REFLEXÕES
SOBRE ALTERNATIVAS PARA A REDUÇÃO DO DESCARTE CLANDESTINO DE RESÍDUOS URBANOS
Gilson
Moralesa, Amir Prudente Bittarb; Luiz Paulo P. Borgesc, Victor A. P. Zamaiad
aUniversidade Estadual de Londrina,e-mail: gmorales@uel.br;
b Universidade
Estadual de Londrina/ Mestrado ENGES, e-mail: eng.amirbittar@gmail.com;
cUniversidade Estadual de Londrina, e-mail:LP_borges@hotmail.com; cUniversidade
Estadual de Londrina, e-mail: viczamaia@hotmail.com
Introdução
A cidade de
Londrina, atualmente com 506.645 habitantes (IBGE, 2010), é a segunda maior cidade do Estado
do Paraná e a quarta da Região Sul do Brasil.
É comum nas
cidades de médio porte, como Londrina, que a quantidade de resíduos produzida
diariamente seja maior que a capacidade de tratamento e disposição do
município. Desse modo, é comum observar pontos de descarte clandestino de
resíduos, particularmente na periferia da cidade, trazendo graves impactos
sobre a natureza e também sobre a população. Em decorrência destas
constatações, foi desenvolvido o presente estudo.
- Considerações Gerais
Assunção
(2010) e Galvão & Morales (2010) argumentam que, pelo fato de não haver uma
estrutura que disponibilize pessoas para o controle efetivo do descarte, faz-se
necessária a discussão e indicação de métodos de prevenção e melhores opções de
gestão.
Assim, é
muito importante a iniciativa de esquematização de propostas que indiquem, de
forma prática, procedimentos para a redução do descarte inadequado, bem como, da
institucionalização de medidas de gestão do descarte de resíduos urbanos.
2. Procedimentos
Objetivando estabelecer ações práticas de combate a esta problemática,
realizou-se uma pesquisa junto a bancos de informações, a fim de se
investigarem as iniciativas e ações de fácil execução, que tivessem registro de
sucesso e que apresentassem custo reduzido.
2.1 Ações e Discussão
2.1.1
A Reciclagem e a Reutilização
Devido ao grande volume de resíduos urbanos, o meio mais
eficiente de intervenção seria pela reciclagem. Reciclar implicaria em que um
determinado material descartado retornasse ao seu ciclo de produção, como
exemplo temos a construção civil, que possui essa prática bastante difundida.
A Resolução CONAMA 307/2002 define os resíduos da
construção civil (RCC) como “os provenientes de construções, reformas, reparos
e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da
escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral,
solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros,
argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações,
fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou
metralha.”
A mesma resolução especifica ainda, aqueles passíveis
de reciclagem, classificados como:
Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou
recicláveis como agregados, tais como:
a) de
construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de
infra-estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;
b) de
construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos
(tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto;
c) de processo
de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos,
meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;
Classe B - são os resíduos recicláveis para
outras destinações, tais como: plásticos, papel, papelão, metais, vidros,
madeiras e gesso;
Os benefícios da reciclagem são claros, uma vez que, além
de diminuir o acúmulo de lixo urbano, reduz a exploração de reservas não
renováveis de matérias primas.
O melhor exemplo deste tipo de processamento é a usina de reciclagem,
que consiste em uma instalação industrial que
possibilita a transformação e/ou o beneficiamento de resíduos (lixo, caliça,
entulho, sucata, entre outros), desde que segregados, estocados e coletados
adequadamente, seguido do processamento, o qual agrega valor ao produto, que é
comercializado posteriormente. Dentre estes materiais, destacam-se o resíduos
de construção, o papel, o alumínio, os plásticos, o vidro e a madeira.
Além
das vantagens enumeradas, o sistema é uma fonte alternativa de renda junto à
população de baixa renda. Trata-se de uma solução altamente viável para cidades
de médio porte, uma vez que sua implantação
tem um custo relativamente baixo em função dos benefícios que acarreta,
como a redução considerável do passivo ambiental.
2.1.2
O desenvolvimento tecnológico
Seguindo
esta óptica, Maia (2002) enfatiza o uso de tecnologias na realização de planos
eficientes de combate aos depósitos ilegais de resíduos urbanos. Já Galvão
(2010) sugere que as instituições de ensino, nos diferentes níveis, promovam o
esclarecimento da população quanto aos riscos decorrentes do descarte clandestino.
Desta
maneira, a implementação de projetos de extensão é uma iniciativa que permite,
sem custos onerosos, a difusão de conceitos e a formação da consciência crítica
responsável por mudanças de atitude em relação ao tema. Por meio de atividades
integradas junto à população, os centros de estudos possibilitariam a
apropriação de novas tecnologias pela população, seguindo a óptica da
sustentabilidade, envolvendo estudantes dos diferentes níveis de formação
acadêmica. Estas iniciativas têm ocorrido no município de Londrina e
apresentado resultados bastante favoráveis.
2.1.3
A implementação dos ecopontos
Outra
alternativa, reconhecidamente eficaz, é a implantação dos ecopontos, que são
áreas pré-estabelecidas para o descarte, destinadas à deposição monitorada de
resíduos sólidos, evitando-se, desta forma, o acúmulo em locais inapropriados. Para
o alcance de benefícios reais, é necessário que os locais escolhidos atendam a
critérios específicos. Dentre eles: localização adequada, topografia plana, local de fácil acesso,
distância de encostas, fundos de vale e cursos de água. Outro fator
determinante para o sucesso do plano é o monitoramento contínuo, com o risco de
que a falta deste, leve ao depósito de resíduos fora das especificações, transformando
a área em “lixão”.
3.
Considerações Finais
Uma
política pública adequada deve estar voltada para a questão do lançamento de
resíduos sólidos em locais clandestinos, bem como, identificar as causas desta prática
e, principalmente, difundir meios de prevenção contra tal procedimento. Além disso, é
preciso que se fomente juto à população, a preocupação com a redução da geração
de resíduos.
Torna-se
evidente que existe uma pluralidade de meios pelos quais seria possível
alcançar a redução do descarte clandestino de resíduos urbanos. Porém, é
necessária uma participação ativa do poder público e das populações locais, no
sentido de minimizar esta prática. Este trabalho sugere uma cooperação mútua
entre instituições civis, acadêmicas e governamentais para, juntos, alcançarem
um resultado promissor e garantir às gerações futuras uma melhor qualidade de
vida.
4. Referências
bibliográficas
Galvão, R. B.
& Morales, G.; 2010. Práticas Usuais da população urbana em relação ao lançamento de
resíduos urbanos. Anais do V Encontro de Bolsistas do Programa de Apoio
a Ações Afirmativas para Inclusão Social.
Ferreira,
I.M.P.; Silva, A.B.; Faber, M.A.; 2008. A coleta seletiva do lixo urbano.
http://noticias.ambientebrasil.com.br/artigos/2008/04/08/37410
Maia, M.F. N.; 2002. A gestão de resíduos urbanos e suas
limitações. Revista Baiana de Tecnologia, v.17, n°1, p. 120-129.
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