quarta-feira, 12 de agosto de 2015

REFLEXÕES SOBRE ALTERNATIVAS PARA A REDUÇÃO DO             DESCARTE CLANDESTINO DE RESÍDUOS URBANOS 

Gilson Moralesa, Amir Prudente Bittarb; Luiz Paulo P. Borgesc, Victor A. P. Zamaiad

aUniversidade Estadual de Londrina,e-mail: gmorales@uel.br; b Universidade Estadual de Londrina/ Mestrado ENGES, e-mail: eng.amirbittar@gmail.com; cUniversidade Estadual de Londrina, e-mail:LP_borges@hotmail.com; cUniversidade Estadual de Londrina, e-mail: viczamaia@hotmail.com

Introdução
A cidade de Londrina, atualmente com 506.645 habitantes (IBGE, 2010), é a segunda maior cidade do Estado do Paraná e a quarta da Região Sul do Brasil.
É comum nas cidades de médio porte, como Londrina, que a quantidade de resíduos produzida diariamente seja maior que a capacidade de tratamento e disposição do município. Desse modo, é comum observar pontos de descarte clandestino de resíduos, particularmente na periferia da cidade, trazendo graves impactos sobre a natureza e também sobre a população. Em decorrência destas constatações, foi desenvolvido o presente estudo.

  1. Considerações Gerais
Assunção (2010) e Galvão & Morales (2010) argumentam que, pelo fato de não haver uma estrutura que disponibilize pessoas para o controle efetivo do descarte, faz-se necessária a discussão e indicação de métodos de prevenção e melhores opções de gestão.
Assim, é muito importante a iniciativa de esquematização de propostas que indiquem, de forma prática, procedimentos para a redução do descarte inadequado, bem como, da institucionalização de medidas de gestão do descarte de resíduos urbanos.

2.      Procedimentos
Objetivando estabelecer ações práticas de combate a esta problemática, realizou-se uma pesquisa junto a bancos de informações, a fim de se investigarem as iniciativas e ações de fácil execução, que tivessem registro de sucesso e que apresentassem custo reduzido.

2.1 Ações e Discussão

2.1.1 A Reciclagem e a Reutilização
Devido ao grande volume de resíduos urbanos, o meio mais eficiente de intervenção seria pela reciclagem. Reciclar implicaria em que um determinado material descartado retornasse ao seu ciclo de produção, como exemplo temos a construção civil, que possui essa prática bastante difundida. 
A Resolução CONAMA 307/2002 define os resíduos da construção civil (RCC) como “os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha.”
A mesma resolução especifica ainda, aqueles passíveis de reciclagem, classificados como:
Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:
a)      de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infra-estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;
b)     de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto;
c)      de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;
Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e gesso;
Os benefícios da reciclagem são claros, uma vez que, além de diminuir o acúmulo de lixo urbano, reduz a exploração de reservas não renováveis de matérias primas.
O melhor exemplo deste tipo de processamento é a usina de reciclagem, que consiste em uma instalação industrial que possibilita a transformação e/ou o beneficiamento de resíduos (lixo, caliça, entulho, sucata, entre outros), desde que segregados, estocados e coletados adequadamente, seguido do processamento, o qual agrega valor ao produto, que é comercializado posteriormente. Dentre estes materiais, destacam-se o resíduos de construção, o papel, o alumínio, os plásticos, o vidro e a madeira.
Além das vantagens enumeradas, o sistema é uma fonte alternativa de renda junto à população de baixa renda. Trata-se de uma solução altamente viável para cidades de médio porte, uma vez que sua implantação  tem um custo relativamente baixo em função dos benefícios que acarreta, como a redução considerável do passivo ambiental.

2.1.2 O desenvolvimento tecnológico
Seguindo esta óptica, Maia (2002) enfatiza o uso de tecnologias na realização de planos eficientes de combate aos depósitos ilegais de resíduos urbanos. Já Galvão (2010) sugere que as instituições de ensino, nos diferentes níveis, promovam o esclarecimento da população quanto aos riscos decorrentes do descarte clandestino.
Desta maneira, a implementação de projetos de extensão é uma iniciativa que permite, sem custos onerosos, a difusão de conceitos e a formação da consciência crítica responsável por mudanças de atitude em relação ao tema. Por meio de atividades integradas junto à população, os centros de estudos possibilitariam a apropriação de novas tecnologias pela população, seguindo a óptica da sustentabilidade, envolvendo estudantes dos diferentes níveis de formação acadêmica. Estas iniciativas têm ocorrido no município de Londrina e apresentado resultados bastante favoráveis.

2.1.3 A implementação dos ecopontos
Outra alternativa, reconhecidamente eficaz, é a implantação dos ecopontos, que são áreas pré-estabelecidas para o descarte, destinadas à deposição monitorada de resíduos sólidos, evitando-se, desta forma, o acúmulo em locais inapropriados. Para o alcance de benefícios reais, é necessário que os locais escolhidos atendam a critérios específicos. Dentre eles: localização adequada,  topografia plana, local de fácil acesso, distância de encostas, fundos de vale e cursos de água. Outro fator determinante para o sucesso do plano é o monitoramento contínuo, com o risco de que a falta deste, leve ao depósito de resíduos fora das especificações, transformando a área em “lixão”.

3. Considerações Finais
Uma política pública adequada deve estar voltada para a questão do lançamento de resíduos sólidos em locais clandestinos, bem como, identificar as causas desta prática e, principalmente, difundir meios de prevenção contra tal procedimento. Além disso, é preciso que se fomente juto à população, a preocupação com a redução da geração de resíduos.  
Torna-se evidente que existe uma pluralidade de meios pelos quais seria possível alcançar a redução do descarte clandestino de resíduos urbanos. Porém, é necessária uma participação ativa do poder público e das populações locais, no sentido de minimizar esta prática. Este trabalho sugere uma cooperação mútua entre instituições civis, acadêmicas e governamentais para, juntos, alcançarem um resultado promissor e garantir às gerações futuras uma melhor qualidade de vida.

4. Referências bibliográficas
 Assunção Jr., V.G.A.; 2010. Sondagem do perfil do lançador de resíduos sólidos urbanos. Anais do V Encontro de Bolsistas do Programa de Apoio a Ações Afirmativas para Inclusão Social.

Galvão, R. B. & Morales, G.; 2010. Práticas Usuais da população urbana em relação ao lançamento de resíduos urbanos. Anais do V Encontro de Bolsistas do Programa de Apoio a Ações Afirmativas para Inclusão Social.

Ferreira, I.M.P.; Silva, A.B.;  Faber, M.A.; 2008.  A coleta seletiva do lixo urbano.
http://noticias.ambientebrasil.com.br/artigos/2008/04/08/37410

Maia, M.F. N.; 2002. A gestão de resíduos urbanos e suas limitações. Revista Baiana de Tecnologia, v.17, n°1, p. 120-129.

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